sexta-feira, 29 de junho de 2012

O ÚLTIMO DIA

Foi o seu último dia de vida na terra. O Ricardo saiu de casa já atrasado e como sempre, por estar muito ligado aos serviços, se quer deu um beijinho de um bom dia na sua esposa.
Nem teve tempo de saudar aos seus dois filhinhos, que eram ainda pequeninos.
E após tomar um rápido café, adentrou ao seu carro e saiu em disparada carreira.
E passou a não respeitar naquele dia, aos semáforos, lombadas, passagem para pedestres e se esqueceu por um curto espaço de tempo, inclusive dos bons modos, com os demais membros da sociedade.
O Ricardo estava exausto pela correria do seu dia-a-dia, de maneiras que tudo aquilo, já interferia na sua vida pessoal, familiar e profissional. Ele não descansava, era um homem muito ocupado.
Encontrava-se depressivo. E dias atrás, após sentir-se muito mal, foi socorrido ao hospital e seu médico o recomendou muita tranquilidade e descanso.
Mas o paciente não deu ouvidos aos conselhos e determinações do médico.
E por ser um homem ocupadíssimo, prosseguiu com a mesma correria.
Era um executivo aplicadíssimo as suas tarefas, de maneira que ultrapassava a todos os limites, mas seu trabalho estava sempre a frente de tudo.
A família e amigos eram sempre em segundo lugar. O Ricardo sabia que deveria dar mais apoio a sua mulher e crianças, que inclusive estava sendo cobrado pelos mesmos.
Mas sempre falava que no próximo mês, tiraria alguns dias de folga e viajariam.
Mas sua correria, jamais o soltava. Ele marcava e remarcava reuniões e com os telefones a falar, nunca tinha tempo para ninguém.
Até para o almoço, o Ricardo não tinha trégua, nem para alimentação.
Usava tomar algum lanche na sua própria sala, enquanto telefonava, rabiscava e folheava.
Ele estava sempre atuante. Mas em um outro dia, após passar mal, foi novamente levado ao médico.
E lá, enquanto lutava pela vida, já se sentindo em outro plano, ficou a pensar e a lamentar consigo mesmo, o porquê de tanto ter trabalhado preocupado com as coisas da vida terrena e o porquê de não ter dado mais carinho e afeto, para a sua própria família.
O Ricardo desejava uma única chance, para recomeçar a sua vida.
Mas não houve oportunidade, aquele seria o último dia da sua vida.
O Ricardo veio a entrar em óbito, sem sem ter tido tempo de passear com seus familiares, receber calorosamente aos amigos e ser uma pessoa mais amiga.
O Ricardo não sabia que morreria naquele dia.
Talvez se soubesse, agiria diferente. E assim, deixou apenas saudades e relacionamentos afetivos apagados.
No seu último dia de vida, o Ricardo, sequer, teve tempo de fazer uma oração ao seu deus, antes de sair de casa, no percurso até o trabalho e nem mesmo, quando passou mal.
Ele nunca pensava no assunto afetivo, nem eterno.
O Ricardo não levava em conta, que há tempo pata tudo, debaixo do sol. Que há tempo para o trabalho, para o descanso, para amar e ser amado e desfrutar dos bons momentos, que a vida muito oferece.
E que assim, após partirmos, deixaremos as boas recordações...

Autor: Antonio Cícero da Silva(Águia)

          

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